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DevRel, Developer Relations, Relações com desenvolvedores

E aí, tudo bem? Antes de tudo: sou Awdren Fontão e não Andrew/Andrei :). Manauara, mas moro em Campo Grande (MS).

Sou professor e pesquisador na UFMS, tenho uma tese de doutorado na área de DevRel (Developer Relations) e um grupo de pesquisa focado na área. Também, trabalhei na indústria como evangelista de desenvolvedores durante 5 anos.

A ideia é de vir aqui com vocês é compartilhar conteúdo sobre DevRel para a comunidade brasileira. Isso mesmo, em português. E um conteúdo sobre DevRel embasado cientificamente. Os conteúdos compreendem resultados de pesquisa do grupo que lidero.



Essa primeira parte do materials é sobre o conceito de DevRel.

📝 Como esse texto está organizado:

  • Alguns destaques;
  • Conceito de Ecossistema;
  • Como a área de DevRel emerge;
  • O conceito de DevRel (inclusive, com explicações baseadas em etimologia);
  • Como algumas organizações estão utilizando a área;
  • Lista com as próximas postagens;
  • Referências utilizadas.

Alguns destaques:

  1. DevRel é uma área organizacional, não é profissão. Visa estabelecer a sinergia entre as experiências de pessoas desenvolvedoras e objetivos organizacionais. Você pode ser, entre outros papeis, evangelista, advocate ou uma pessoa profissional de DevRel;
  2. DevRel depende muito da cultura da região/native, por isso é sempre importante estudar a viabilidade de estratégias;
  3. DevRel se desenvolve em torno de um ações, serviços e produtos para pessoas desenvolvedoras;
  4. Com base na etimologia, estamos falando de relação e não relacionamento.



Um breve papo sobre Ecossistemas

Organizações como (para citar algumas): Amazon, Apple, Canonical, Fb, Google, Nintendo e Microsoft investem em uma ambiente para envolver comunidades de pessoas desenvolvedoras de software program. Entenda aqui como pessoa desenvolvedora aquela envolvida nos disciplinas de Engenharia de Software program, por exemplo: testes, UX, arquitetura, gerência de configuração…

O ambiente, citado acima, envolve complexas dinâmicas de cooperação e competição entre comunidades (que consomem e geram recursos), redes de criação de valor e fluxos de energia. Isso pode ajudar as organizações, entre tantos outros benefícios, no desenvolvimento e evolução das contribuições em torno de seus produtos, serviços ou plataformas. Esse contexto tem sido estudado como ecossistema de software program, sim uma analogia com ecossistemas da Ecologia. E você já deve ter escutado em alguma reunião ou palestra, alguém comentar sobre o “ecossistema” da organização.

Comunidades engajadas promovem o ecossistema, fornecem feedbacks relevantes para pilares (robustez, criação de nicho e produtividade) que sustentam um ecossistema competitivo. O engajamento das comunidades leva ao complemento do valor que as organizações oferecem aos seus stakeholders. As organizações dependem do ecossistema porque a atratividade da plataforma e dos seus produtos é determinada por uma evolução frequente de suas ofertas de software program.



Emerge a área de DevRel e não DevHell

Há uma necessidade de estratégias para apoiar a capacidade do ecossistema de aumentar ou manter suas comunidades ao longo do tempo e sobreviver às mudanças. Nesse cenário, a área organizacional de Relações com Desenvolvedores (DevRel, do inglês Developer Relations) surge como uma possível estratégia.

Mas o que é relação?
Sempre gosto de, quando estou entendendo uma área, buscar na etimologia (estudo gramatical da origem e história das palavras) um suporte.

Para relação, há duas vertentes:

  1. do inglês: relations, interações cotidianas, uma visão micro das interações entre as pessoas;
  2. do francês: rappaport, ligações estruturais da sociedade, uma visão macro das interações.

Com isso, a relação pode se tratar de uma construção coletiva e identitária das interações entre pessoas-pessoas, pessoas-artefatos e artefatos-artefatos.

Awdren, artefatos? 😳 Sim, você também interage com computadores, celulares, código, documentação… E do ponto de vista das interações tanto pessoas como artefatos fazem parte das nossas relações.

A partir de estudos (levantamento de artigos científicos e artigos técnicos de profissionais com experiência comprovada em DevRel) e método de síntese qualitativa, tem-se a seguinte definição para DevRel:

Área organizacional que cria sinergia entre objetivos de uma organização (em torno produtos, serviços ou ações) e as experiência de pessoas desenvolvedoras. Isso de forma orgânica e estruturada.

Vamos explorar o conceito?

🚩Awdren, mas escutei que é a ponte entre a organização (inclusive, suas áreas internas) e as comunidades. Sim, concordo, isso é sinergia.

🚩Ah, Awdren! Também, já li que é representa a comunidade dentro da empresa e a empresa dentro da comunidade. Sim, isso é sinergia entre objetivos organizacionais e experiência das pessoas da comunidade.

🚩Hmmm, mas Awdren, outra visão não é de relacionamentos entre a empresa e pessoas desenvolvedoras? Cientificamente e vejo outras empresas mais maduras na área utilizando relação e não relacionamento. Vamos para etimologia? Tenho um amigo nativo de país da língua inglesa e ele me explicou o seguinte:

… ‘relation’ exhibits the connection between a number of folks, nations, organizations, continents, and many others. Be aware that it’s a formal sort of connection. ‘Relationship’, signifies the casual, smaller kind of connection between folks like shut relations, {couples}, and many others.

Com isso, fica mais claro que estamos falando de relações.
Bem, avançando no conceito, o que é experiência da pessoa desenvolvedora ou DX? É uma vertente baseada em UX que trata de todas as expectativas, desejos, jornadas, frustrações, percepções da pessoa desenvolvedora dentro da comunidade e nas interações (lembrando que pode ser interação com pessoa e/ou artefatos).

Já os objetivos organizacionais estão conectados com a visão, missão, estratégias, roadmaps, produtos… Tudo aquilo que a organização precisa lidar do ponto de vista de negócio e técnico.

Sinergia, okay. Objetivos organizacionais, okay. Experiência ou DX, okay. Mas e o que é o orgânico e estruturado.

  • Orgânico 🌱🪴🌳: refere-se a que as estratégias de DevRel adotadas devem considerar o dinamismo pure das comunidades do ecossistema e, também, suportar com que isso aconteça. Com que o ecossistema se autoregule e se set up visando a sinergia com os objetivos organizacionais e a DX;

  • Estruturado 🔻: conecta-se com ações de “interferência” direta que venham da organização para as comunidades dentro do ecossitema. Algo “bottom-up”. Gosto de chamar de intervenção. Importante que essas estratégias devem ter algum tipo de viabilidade analisada. E que, no futuro, elas se tornem, de alguma forma, orgânicas.

A área de DevRel é responsável por criar e comunicar recursos técnicos (por exemplo, APIs, amostras de código, documentação), planejar e realizar eventos (por exemplo, hackathons, palestras, mentoria de empresas parceiras) e gerenciar programas de desenvolvedores (por exemplo, AWS Heroes, Google Builders Specialists, Microsoft Useful Skilled, programas em parceria com universidades), para citar algumas tarefas. Aqui um spoiler: tenho alunos trabalhando no refinamento das atividades e na minha tese há um conjunto associado à estágios de DevRel.

O planejamento e a execução das atividades DevRel não são triviais e focam em delimitar as ações das pessoas das comunidades sem restringir excessivamente o nível desejado de criação de valor. As pessoas que atuam como profissionais de DevRel precisam ter uma visão realista da criação de valor e da estrutura de suporte do DevRel dentro do ecossistema, com o objetivo de atender às necessidades das comunidades e atingir os objetivos organizacionais.

DevRel visa ainda ajudar a incorporar contribuições potenciais (ou seja, produtos, serviços e inovações complementares) que surgem das comunidades para a plataforma, produtos e serviços do ecossistema. Ajuda a equilibrar o roadmap da organização com as necessidades das pessoas desenvolvedores. Esta área é composta pelos papeis de evangelismo e advocacia. Inclusive, isso aqui será conteúdo para outro texto.

Os recursos adequados, como componentes e ferramentas de código aberto, são fornecidos para apoiar as comunidades, dividindo os objetivos de uma organização de acordo com os diferentes públicos-alvo. Esses recursos e ferramentas são desenvolvidos com base em diretrizes organizacionais que incluem especificação de plataforma, ideias emergentes, melhores práticas, tecnologias, ferramentas de desenvolvimento e advertising, critérios de qualidade e design de interface do usuário.



Mas por que DevRel precisa de conteúdo embasado cientificamente?

  • O processo de criação ou contribuição para um produto (software program) possui as características de produção ou engenharia. E o time-to-market, competição, cooperação, alinhamento técnico-social-negócios exigem melhoria contínua e sistemática da qualidade do processo e do produto;

  • Essa melhoria contínua e sistemática exige um corpo de conhecimento sistematicamente organizado. Isso sustentará o uso de estratégias fundamentadas em rigor, significância e relevância;

  • Afinal, você iria expor sua organização a algo que prejudicasse o crescimento ou imagem dela? Por isso, você precisa de ciência para dar fundamentação ao seu negócio;

  • À medida que os orçamentos são reduzidos, há mais pressão para fornecer evidências mais fortes e casos de negócios mais convincentes para implementar novas tecnologias ou fazer mudanças nos processos e até mesmo justificar as decisões já tomadas;

  • DevRel não é diferente. Ainda mais por ser uma área que ainda está sendo fundamentada.



Alguns exemplos de uso, de forma resumida, de DevRel por organizações (ordem alfabética)

🔔 Atenção, o resumo abaixo é com base em anúncios de vagas e outros textos. Mas não quer dizer que DevRel dentro de cada organização citada trata somente do conjunto de atividades listada. Além disso, não há somente essas empresas. Mas aqui destaquei algumas, sem preferências ou vieses, para que vejam a diversidade da área. Obrigado 🙂

  1. Microsoft: Apoio e contribução para plataformas, ferramentas e processos de código aberto. Divulgam os produtos e serviços (p.ex.: Azure) e permitindo que as pessoas da comunidade façam o que amam; escrever, codificar e aprender. Criam experiências on-line de desenvolvedores globais como docs.microsoft.com, Channel 9 e dev.microsoft.com. Conectam com comunidades técnicas por meio de programas, incluindo Microsoft MVP, Microsoft Regional Director, Construct Convention e eventos técnicos de parceiros em todo o mundo;

  2. Twillio: cultiva uma comunidade de desenvolvedores tanto interna quanto externa. Há a coordenação de eventos de desenvolvedores, como hackathons. Criação de conteúdo como postagens de weblog e apresentações que capacitam os desenvolvedores corporativos a criar com o Twilio em grande escala;

  3. Nintendo: Atua como uma ligação técnica entre a Nintendo e os desenvolvedores e garante que esses projetos sejam concluídos com sucesso e dentro do cronograma. Identifica e escala obstáculos para projetos prioritários e títulos de software program. Gerencia e oferece suporte a programas de desenvolvedor de plataforma, trabalhando com suporte interno de engenharia e equipes de publicação terceirizadas. Fornece suporte para desenvolvedores em fóruns e gera relatórios para projetos internos especiais. Faz a triagem, classifica e orienta os problemas de suporte do desenvolvedor para a resolução. Realiza divulgação com pequenas equipes de desenvolvimento, bem como instituições educacionais Garante que os desenvolvedores tenham acesso à documentação técnica da Nintendo por meio do portal do desenvolvedor da Nintendo. Participa de feiras do setor conforme necessário;

  4. Canonical: envolver-se com comunidades de desenvolvedores e ISVs para ajudá-los a alcançar o ecossistema Ubuntu. Normalmente, ajudam as comunidades a moldar seus snaps, charms ou imagens do Docker baseadas no Ubuntu e garantem que o Ubuntu esteja totalmente habilitado em seus pipelines de CI/CD;

  5. Azion: criar e empoderar uma comunidade de desenvolvedores de Edge Computing. É parte do time de Developer Expertise que trabalha em conjunto com os occasions de educação, advertising, produto e engenharia da empresa;

  6. Google: promover o sucesso de pessoas da comunidade com orientação e suporte de engenharia, acelerando a adoção das tecnologias da Google. Apoiar os principais desenvolvedores para criar contribuições para os produtos e serviços da Google. Ajudar a desenvolver a estratégia do desenvolvedor com as equipes de produto, atuando como o comunicador de seus parceiros para trazer recursos mutuamente benéficos ao mercado;

  7. Pipefy: além das atividades de conexão com a comunidade externa. A área de DevRel foca em estabelecer a cultura e gestão de conhecimentos entre a comunidade de pessoas que são parte da Pipefy.



O que vem por aí?

  • Um modelo para DevRel (o DevGo): um modelo para você estruturar DevRel na sua organização e, claro, para entender mais sobre a área. Ele foi proposto como parte da minha tese envolvendo vários métodos científicos e profissionais. O modelo compreende áreas de foco, facilitadores, lições aprendidas, papeis, estratégias, formas de monitoramento e objetos de transferência de valor. Cobre ainda estágios do fluxo de avanço da pessoa desenvolvedora: Sensibilização; Ativação; Retenção; Reconhecimento; Maturação; Monitoramento.

  • Papeis em DevRel: vamos falar dos principais papeis? Já deve ter escutado sobre evangelista, advocate, engenheiro de parcerias, tech author, profissional de DevRel… Ah! Não é porque sua empresa utiliza um determinado papel de DevRel que os outros não sejam importantes ou não precisem existir. Esses papeis, também, foram recuperados por meio de um estudo do Raphael, aluno de TCC, inclusive premiado pelo trabalho.

  • Habilidades em DevRel: serão apresentados os resultados, em andamento, do mestrado da Ana Elisa e da parceria com a Glaucia, da Microsoft, e o Gabs Ferreira, da Alvin, sobre que habilidades precisam ser trabalhadas para formar pessoas desde a graduação e para ajudar no treinamento de pessoas que já estão na indústria.

  • E mais… que irei avisando nos próximos textos.

Referências utilizadas nesse texto:

  1. MACHEREY, Pierre. Aux sources des rapports sociaux: Bonald, Saint-Simon, Guizot. Genèses – Sciences sociales et histoire, n. 9, p. 25-43, 1992.

  2. Fontão, A., Cleger‐Tamayo, S., Wiese, I., Pereira dos Santos, R., & Claudio Dias‐Neto, A. (2021). A Developer Relations (DevRel) mannequin to manipulate builders in Software program Ecosystems. Journal of Software program: Evolution and Course of, e2389.

  3. Manikas, Okay., & Hansen, Okay. M. (2013). Software program ecosystems–A scientific literature assessment. Journal of Programs and Software program, 86(5), 1294-1306.

  4. Thengvall, M. (2018). Constructing a developer relations crew. In The Enterprise Worth of Developer Relations (pp. 73-100). Apress, Berkeley, CA

  5. Oliveira, R., Ajala, C., Viana, D., Cafeo, B., & Fontão, A. (2021, September). Developer Relations (DevRel) Roles: an Exploratory Examine on Practitioners’ opinions. In Brazilian Symposium on Software program Engineering (pp. 363-367).

  6. Minha tese 😀



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